Ter
o primeiro contato com as letras aos 78 anos de idade. Essa é a
realidade de uma pessoa que está cursando a Educação de Jovens e Adultos
(EJA), em Varginha. Junto com ela outros tantos adultos que buscam o
resgate da dignidade numa era em que a comunicação é rápida e
extremamente necessária.
Essa
é uma das histórias das professoras da EJA e do Centro de Estudos
Supletivos (CESU), Rosângela Aparecida Silva Costa e Talita Yara
Oliveira. As duas vão receber na próxima segunda-feira, 28, o prêmio
“Práticas de Uma Educação Não-Formal Rubem Alves" promovido pelos alunos
4º Período de Pedagogia do Grupo Unis. O evento foi idealizado e
organizado na disciplina de Educação Não Formal com a coordenação da
professora do Unis, Erondina Leal Barbosa. Ela explica que “o objetivo é
promover a pesquisa, a análise e a reflexão de processos educativos nos
diferentes espaços compreendendo-os no seu sentido educador”.
A
professora Rosângela conta que foi uma surpresa, pois ”sou
alfabetizadora desde 1990 e nestes 25 anos nunca tinha recebido um
prêmio”. Já Talita revela que havia deixado a profissão, mas voltou por
vocação. “Esse prêmio provoca a sensação de missão cumprida”, avalia.
Maria
do Carmo Santos Tavares entrou no Cesu. Ela tem 45 anos, trabalha no
Centro de Educação Infantil (Cemei) Girassol, tem três filhos. Ela diz
que viu o anúncio dentro de um ônibus circular, tinha vontade de
concluir os estudos, mas foi a filha, de 23 anos, que a matriculou. “Eu
recomendo; quem tem força de vontade deve voltar a estudar, pois
transforma a vida da gente”, explica. Maria do Carmo ficou entre as 40
melhores redação do concurso de redação da EPTV (afiliada à Rede globo)
deste ano, cujo tema foi “A Educação que Tenho é a que Eu Deveria Ter” e
que contou com mil inscrições. Na última quarta-feira, 23, ela e a
amiga de turma Luiza Helena Faustino Ferreira foram à emissora
acompanhadas das professoras. Maria do Carmo confessa que “foi um Dia de
Princesa”.
A
coordenadora da EJA e do Cesu, Luciane Miguel se diz orgulhosa pela
equipe alunos e que que iniciativas como esse Prêmio valorizam e
estimulam o educador."Nossos professores da EJA e do CESU carregam as
características da educação não-formal, permitindo o crescimento das
propostas na relação entre os diferentes saberes e maneiras de fazer a
educação, possibilitando a emergência de muitos jeitos de organizar e
vivenciar o processo educacional, escapando de modelos instituídos e,
humanizando o processo educacional".
Todas
essas histórias só puderam se tornar realidade porque o prefeito
Antônio Silva decidiu manter em funcionamento a EJA e o CESU, pois antes
de ele assumir a Administração Municipal esses cursos corriam o risco
de fechamento. “Houve um investimento da Prefeitura e através da
Secretaria Municipal de Educação também houve mudança na metodologia, o
que resultou no retorno dos adultos para a sala de aula e o consequente e
significativo aumento das matrículas”, lembra Luciane. As matrículas
saltaram de 120 para 740 e atualmente ocorre a aprovação em nível
superior. “Temos aluno que entrou na Unifal (Universidade Federal de
Alfenas) e no IF Sul de Minas (Instituto Federal do Sul de Minas)”,
conta orgulhosa, Luciane. Para ela, “essas histórias comprovam que
realmente esse público “adulto” merece toda uma atenção diferenciada,
que felizmente ocorre aqui no nosso município”.
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